quinta-feira, 31 de março de 2016

Enquanto a banda passava o bando catava...

João Wagner Galuzio
Escrevedor e Cantador

Os argumentos que tenho visto para 'defender' os crimes hediondos patrocinados pelo histriônico ex-presidente-quase-ministro-futuro-detento que, querendo enaltecer as mulheres, as convoca à luta com toda a sua doçura e sutileza, vociferando "Cadê as mulher (sic) de grelo duro do partido?
Confesso que trabalhei muitos anos em fábrica, com rapazes que sabiam ser escatológicos, diziam e dizem cousas de fazer o capeta ficar vermelho (de vergonha), mas nunca havia testemunhado tal grosseira e, ratifico, a 'peãozada' que conheço jamais diria isso.
Até entendo que os militantes da 'Cosa Rossa' tenham o mesmo raciocínio do capo, que um dia já anistiara o Sir Ney do Maranhão, isentando-o de qualquer responsabilidade em nome de sua biografia, como se histórico pessoal pudesse ser diploma de imunidade ou, pior, de impunidade. 
Esta senhora que está Presidente do Brasil ao imitar o seu criador, quer sugerir que não pode ser responsabilizada pelas vultosas propinas, muitas vezes em dinheiro vivo, usadas em sua campanha de extorsão eleitoral, por desconhecimento. Argumento inocente próprio dos receptadores que desejam se eximir de culpa. Mais, penso talvez coubesse a tipificação de Receptação Qualificada como consta no parágrafo 1º do artigo 180 do Código Penal, como segue:


Receptação qualificada 

§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

Atente-se à sutileza.... "COISA QUE DEVE SABER SER PRODUTO DE CRIME"

Indignado como milhões de brasileiros, vejo estarrecido defenderem o poeta genial em sua sina para não desmascarar sua musa, por isso me atrevi a parodiar A banda, como forma um pouco de protesto e um pouco como desabafo.  

O bando
                                                                                              Autor Zico Broaca
"Estou na boa na vida
O petrolão me pagou
Pra ver o bando pegar
Catando tudo sem dor.
A minha mente fingida,
Ignorou sem pudor.
Pra ver o bando pegar
Catando tudo sem dor.
O homem néscio que mamava, dinheiro ganhou.
O churrasqueiro que queria vantagens, levou.
E na morada onde estava a estrela,
Morou pra valer e sumir na malandragem.
O dedo em riste que exibia safado, bradou.
A Rose triste, sua dama de fachada, sobrou.
E a pelegada toda logo assaltou
Pra ver o bando pegar
Catando tudo sem dor.
A minha mente fingida,
Ignorou sem pudor.
Pra ver o bando pegar
Catando tudo sem dor.
O velhaco se formou no cangaço, levou.
Com mais um poço, pra subtrair,
Um pedaço do que jorrou.
A troça feia engasgou na goela [da gente]
Pensando que o bando se importava por ela
A tropa flerte se espalhou na esplanada e investiu
[com] a bolsa cheia, na surdina, partiu
A falsidade toda se aproveitou
Pra ver o bando pegar
Catando tudo sem dor.
Mas para o seu desencanto
O que era voto usou.
Tomaram o seu lugar
Usando seu voto inocente.
Um cadafalso insolente
Assaltou o planalto, a indecente.
Pra ver o bando pegar
Catando tudo sem dor."

Dos juristas e intelectuais.

João Wagner Galuzio
Escrevedor e Cantador.
Dudas arrependidos e Santanas presos, as estratégias para resolver o problema que o próprio governo federal criou, desde as fraudes envolvendo a responsabilidade fiscal em 2014 e 2015, envolvem fazer novas cooptações, novos 'acordos'... e, para abafar, esse governo (#sóquenão) convoca 'juristas' e 'intelectuais' para o defender. Nem vou me ocupar dos artistas (sem aspas), considerando que sejam mesmo profissionais, embora equivocados.

Agora, nunca vi tanto 'jurista' junto na minha vida. Fiquei intrigado acerca das qualidades distintas entre um advogado e um jurista, ou jurisconsulto. Uma consulta tosca aos dicionários me fez parecer que além do bacharelado, condição básica para que um graduado seja testado e aprovado pela sua Ordem, para que, Advogado possa exercer sua profissão honradamente. O jurista, além disso, deve ter especialização e elevado saber jurídico, suficientes para indicar e, ou, sugerir novas doutrinas, jurisprudências ou paradigmas.

Mas não é o que vejo... Muitos Advogados, por competentes que sejam, são logo elevados à condição de 'juristas' (assim, entre aspas mesmo).... Chega....

O mesmo se aplica ao 'intelectual'.... E, neste caso, a apresentação ligeira mais razoável encontrei está em: <http://www.dicio.com.br/intelectual/> cujas explicações são quase redundantes (inteligente, mental), mas também é apresentado como "Pessoa que expressa um grande interesse pelas coisas relacionadas com a cultura, a literatura, a música, as artes etc."

Então, adivinhe. Parece-me que muita boa gente apesar dessa atitude acima, talvez não seja exatamente inteligente. Vou escandalizar. Uma classificação objetiva para um indivíduo 'intelectual' talvez pudesse ser expressa em sua formação ou titulação. No entanto vejo muita gente muito simples, com formação básica, bastante razoável. Enquanto outros, doutos, premiados e festejados, vão esbanjando mediocridades....

Preciso citar Ariano Suassuna que, numa palestra a alunos dizia... "Quando vejo atribuírem o título de 'genial' para Chimbinha, que predicado poderei usar para Beethoven?"
Está faltando um bocado de humildade para muitos 'juristas' e 'intelectuais' se não, que predicados terei que atribuir a Ruy Barbosa ou para Hely Lopes Meirelles? Que adjetivos terei que criar para reconhecer Darcy Ribeiro ou para Cesar Lattes?