sábado, 8 de abril de 2023

A páscoa operacional e o amor transcendental.

 

João Wagner Galuzio

Clássico e básico, sabe-se que a páscoa cristã tem sua tradição estabelecida a partir da páscoa judaica, ocasião quando Jesus chegou à Jerusalém para celebrar a ocasião. O evangelho (boa nova em grego) do Nazareno apresentava e representava uma grande mudança nas regras rigorosamente estabelecidas pelos então donos da liturgia. Mais do que os 10 mandamentos, o mandamento de “Amar a Deus acima de tudo e ao próximo, como a ti mesmo!” estabeleceu a síntese de todas as centenas de mandamentos da velha lei.

O trânsito de Jesus entre nós e, em especial nesta santa semana, celebrada a cada ano, é repleta de lições, ensinamentos, extraordinários simbolismos e metáforas em profusão. Cada gesto e toda palavra desse Santo Mestre estão eternizados na liturgia de todos os seus crentes, por todo o mundo, em todas e cada comunidade.

São eloquentes e emocionantes todos os ritos e rituais celebrados de modo cerimonial, com pompa e circunstância em cada igreja, no exato sentido que Jesus nos ensinou: “Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, lá estará a minha igreja.” Este cerimonial é envolvente, cativante e, também, excruciante quando testemunhamos Sua dor, Seu sofrimento.

Indispensável para celebrar, esse cerimonial, no entanto, é a parte física, visual, instrumental ou operacional da tradição. Essa profunda reflexão pode nos impor um verdadeiro estresse pós-traumático, uma “experiência” tão intensamente angustiante primeiro (o calvário) e, esfuziante depois (a glória), a passagem, a ressurreição. O cerimonial, lembro, é lado objetivo e operacional da celebração. Ratifico, indispensável.

Onde está o transcendental, o que é a sublimação, nesta celebração? Está na inspiração magnífica do Espírito Santo e na assunção vertiginosa de nossas melhores qualidades humanas, à imagem e semelhança do Criador, como: o amor essencial, a santidade natural, mesmo imperfeita, de todos nós, o perdão generoso, a gratidão incondicional. Fácil? Nada, viver essas qualidades, ou competências, exigem toda nossa inteligência, concentração e determinação para quase esboçar uma fração do que deveria ser a nossa manifestação divina. Como praticar e desenvolver isso? Eu tenho uma intuição.

Viver a oração que Ele nos ensinou. Sim, viver! Falar, cantar, gritar ou urrar aquelas palavras, o texto, não têm, nem de perto, a eficácia da nossa experiência de viver o caminho que lá está descrito. Lindo e verdadeiro, o Pai Nosso é um atestado de fé, de esperança e caridade muito sofisticado e muito elaborado para se viver.

Feliz páscoa sempre e enquanto vivermos, absolutamente, o Pai Nosso.

Pai Nosso que estais nos Céus, santificado seja o vosso Nome, venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. A seguir, faça como eu, uma ladainha especial e, familiar. Prepare a sua!

Santa Alice Assunta, orai por nós.

Santa Maria Inês dos gatinhos, orai por nós.

São Guerino do dedo verde, orai por nós.

Santo Irmão Darciso do caráter verdadeiro, orai por nós.  

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