João Wagner Galuzio
Escrevedor e Cantador
Escrevedor e Cantador
Então, eis que começam os debates
neste segundo turno de eleições para Presidente da República e mais uma vez
somos surpreendidos com a lógica apatetada e, ou, aparelhada de um naipe vermelhusco
da militância política brasileira.
Um conjunto de partidos que se
pretendem reformadores são exímios em produzir novos significados ao nosso vocabulário
atendendo, por óbvio, à sua conveniência. É especialmente surpreendente que ainda
se considerem intelectuais libertários e que comovam e arrastem multidões de
fãs e súditos. Não precisaria mencionar as pérolas que já se tornaram clichê no
noticiário [policial], mas vou obstinar.
Desde o escândalo envolvendo a
organização criminosa que foi julgada recentemente pelo nosso Supremo Tribunal
Federal, vimos pulular inúmeras interpretações cínicas e maliciosas acerca dos
delitos cometidos e outras barbaridades semióticas:
‘Corrupção’
queriam fazer significar ‘recursos não-contabilizados’;
‘Estelionatários’
queriam fazer significar ‘aloprados’;
‘Presidenta’
uma horrenda corruptela para o particípio ativo de quem preside, ou Presidente;
‘Elite’ para representar
qualquer indivíduo que tenha opinião diferente;
‘Planilha’ (vazando
sigilo federal contra opositores) queriam fazer substituir ‘dossiê’, estes entre
muitos outros.
Agora, mais recentemente, o principal guru desta seita que reúne
diversos partidos e movimentos (sic), conversou com ‘jornalistas internautas’ querendo
dizer “blogueiros”. Apenas àqueles que lhe são mansos e lenientes. A claque,
óbvio.
Ontem, oito de outubro, dia do nordestino,
uma gaúcha muito da guerreira, dona de uma juba de fazer inveja à Medusa, melhorou
o nosso idioma transcendendo o significado de ‘neutralidade’ quando indicou que
seu partido iria adotar esta postura no segundo turno orientando seus correligionários
a ‘não votarem’ num candidato específico.
Brilhante, conseguiram inventar a
‘neutralidade engajada’. Sensacional. Lógica? Ah! Fala sério, ó elite opulenta,
és muito exigente. Um breve passeio pelo dicionário ensina que neutralidade ou 'qualidade
de ser neutro', tem sua origem no latim “neuter” que, em essência, significa
literalmente ‘nem um, nem outro’.
Eu posso entender, mas não reconhecer
o uso espúrio. Para tentar salvar o argumento torto e enviesado que adotam,
quando testados, atestam sua genial ignorância na forma de uma nova manipulação para emendar, grosseiramente
seu raciocínio, ou a falta dele.
Não deixem de ver os próximos capítulos, novas
e inusitadas abominações virão por aí. Enquanto seus clones ululam, eles se
eternizam.
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