João Wagner Galuzio
Você, com certeza, conhece uma pessoa introvertida que, não precisa ser tímida. Muitas vezes, pode ser só discreta ou focada. Você, igualmente, pode ter um amigo extrovertido, daqueles que fala pelos cotovelos e, que, por incrível que pareça, talvez seja mais tímido que a primeira pessoa.
Agora, além dos extrovertidos falantes, há os italianos e seus descendentes que, animados, falamos pelos cotovelos, com as mãos, pelos joelhos... O corpo todo é um complexo sistema de falar e dizer, com caras e bocas, bicos, beiços e muxoxos.
Nesta hierarquia dos loquazes, imagine um paesano, professor e corretor. Um dicionário inteiro não é suficiente para encerrar sua eloquência e, nessa prosopopeia, microfones ficam roucos e sem folego. Sou eu! Neto de italianos, cantador e contador de histórias e estórias.
Dependente intensivo de relacionamento humano, sou daqueles que fala com a própria sombra e troco altos papos com o espelho, sozinho no elevador. Minha filha, muitas vezes, me pergunta se sou candidato a quê, considerando que cumprimento a todos que encontro, amigos, vizinhos, estranhos, todos. Sou do tipo fácil.
Sou um professor feliz, abuso da retórica, louco por metáforas e um bocado de anedotas, para desespero de meus alunos. Na prospecção de novos contatos ou na divulgação de meus bons imóveis encontro a satisfação de conhecer novas gentes todos os dias. Eu, deliro.
Uma graça diária que me proporciona bons momentos quando, às vezes, sou ouvinte e outras vezes sou consulente. Menos vezes, não poucas, encontro gente grande. Grande inteligência, grande coração, grande cultura e maior identidade ou afinidade. Entre eles o Carlinhos, um espírito jovem com pouco mais de sessenta anos, dono de enorme energia.
Seu entusiasmo é imenso e usa e explora toda toda sua natureza, cabeça, tronco e membros que, estes, não dão conta de tanta vibração e, então, extravaza sua força além de seus braços e pernas, em seus bastões de caminhada nórdica, extensão biônica de teus membros. Uns poucos encontros se converteram em aulas dessa marcha nórdica.
O destino desta amizade? Vai longe e novas ferramentas, como próteses (bastões) serão necessárias para manter constante essa trilha, numa jornada easy rider. Se este italiano fala pela mãos, o meu nórdico companheiro expressa seu amor pela vida e seus valores usando seus bastões.
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