Cândido Poliano
Idealista e otimista, vou registrando minhas percepções, imperfeitas, mas sinceras. O registro de minhas considerações me proporciona uma oportunidade de manter a memória de minhas reflexões.
quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024
Jundiai
quinta-feira, 20 de julho de 2023
Nórdica é a caminhada, amizade é o destino.
João Wagner Galuzio
Você, com certeza, conhece uma pessoa introvertida que, não precisa ser tímida. Muitas vezes, pode ser só discreta ou focada. Você, igualmente, pode ter um amigo extrovertido, daqueles que fala pelos cotovelos e, que, por incrível que pareça, talvez seja mais tímido que a primeira pessoa.
Agora, além dos extrovertidos falantes, há os italianos e seus descendentes que, animados, falamos pelos cotovelos, com as mãos, pelos joelhos... O corpo todo é um complexo sistema de falar e dizer, com caras e bocas, bicos, beiços e muxoxos.
Nesta hierarquia dos loquazes, imagine um paesano, professor e corretor. Um dicionário inteiro não é suficiente para encerrar sua eloquência e, nessa prosopopeia, microfones ficam roucos e sem folego. Sou eu! Neto de italianos, cantador e contador de histórias e estórias.
Dependente intensivo de relacionamento humano, sou daqueles que fala com a própria sombra e troco altos papos com o espelho, sozinho no elevador. Minha filha, muitas vezes, me pergunta se sou candidato a quê, considerando que cumprimento a todos que encontro, amigos, vizinhos, estranhos, todos. Sou do tipo fácil.
Sou um professor feliz, abuso da retórica, louco por metáforas e um bocado de anedotas, para desespero de meus alunos. Na prospecção de novos contatos ou na divulgação de meus bons imóveis encontro a satisfação de conhecer novas gentes todos os dias. Eu, deliro.
Uma graça diária que me proporciona bons momentos quando, às vezes, sou ouvinte e outras vezes sou consulente. Menos vezes, não poucas, encontro gente grande. Grande inteligência, grande coração, grande cultura e maior identidade ou afinidade. Entre eles o Carlinhos, um espírito jovem com pouco mais de sessenta anos, dono de enorme energia.
Seu entusiasmo é imenso e usa e explora toda toda sua natureza, cabeça, tronco e membros que, estes, não dão conta de tanta vibração e, então, extravaza sua força além de seus braços e pernas, em seus bastões de caminhada nórdica, extensão biônica de teus membros. Uns poucos encontros se converteram em aulas dessa marcha nórdica.
O destino desta amizade? Vai longe e novas ferramentas, como próteses (bastões) serão necessárias para manter constante essa trilha, numa jornada easy rider. Se este italiano fala pela mãos, o meu nórdico companheiro expressa seu amor pela vida e seus valores usando seus bastões.
terça-feira, 18 de julho de 2023
Todas as Divas, uma só mulher!
Todas as Divas, uma só
mulher.
João Wagner Galuzio
Romântico dramático,
quase erudito, misturo parnasianismo rococó e realismo fantástico, mais uma
dose extra de prosa formal para esboçar um elogio às mulheres, todas divas.
Todas são divas, mas todas divas representam um extrato do meu amor, uma face da singela e poderosa Dulcineia como um cavalheiro de triste figura, que sou, quixotesco.
Rabisco ensaios para fingir-me ventríloquo de Cyrano, sob o alpendre de minha Roxane ideal.
Romeu narcisista, levanto meus olhos além dos altos terraços onde minha Julieta, apaixonada, imagina e espera seu herói.
Jane Austen me ilumina com seus protagonistas Elizabeth e Darcy, um pouco de orgulho, mas nenhum precoceito.
De Violeta, sou o Alfredo mais devastado e o meu imenso amor, misterioso, é cruz, é delícia e arde como fogo que não se vê, como já ilustrava o Vieira.
Você, meu amor, uma só mulher, única é a minha Diva absoluta. Resume todo poder, todas virtudes, vontades, vaidades e todos deliciosos pecados, os inocentes e os mais inconfessáveis. Todas as Divas em um só, meu amor.
1.
Diva essencial
Tua inteligência livre
tem o poder de encantar todos que deixa conhecê-la.
Os olhos incandescentes,
lancinantes, fulminam sua indecência pura e verdadeira.
A voz sensual expressa a delícia de
sua malícia intensa e inocente.
Os lábios doces exalam
o bálsamo da quente, úmida e suave sedução.
Como seda, os cabelos generosos agasalham o rosto
sereno e gentil.
Rendo-me feliz ao desejo misterioso de te envolver em meu afeto.
Luz primordial, você me ilumina e, me iluminando, também aquece o meu ser.
2.
Diva virginal
Doce. Você é doce!
A idade não descreve tua alma, você
não tem idade.
Vejo você, virginal, aos dezoito,
igual aos trinta e oito ou mais, a tua natureza gostosa é sempre a mesma,
viçosa.
Tua aura pura, é o manto, o véu que veste
tua alma sensual.
Teu olhar, oh bela, tão ingênuo,
constrange até a fera mais lasciva.
Um simples gesto teu é capaz de
abduzir e logo, manso, a fera é feito noviço.
3.
Diva sereia
A mitologia, em muitas culturas, a
descreve mística, deslumbrante.
Rouca, tua voz estonteante pode
arrebatar o bárbaro mais rude.
Quisera que essa quimera, em sua
magia, pudesse me arroubar.
Por águas insidiosas eu me
encharcaria, atrás de teus cantos maviosos.
Gigante, rendo-me às tuas canções em
letras repletas de amor e prazer.
4.
Diva serena
Paz, intensa e
instigante. Tua paz é solo onde viceja a ternura.
Base, piso e chão onde,
fértil, produz amor e harmonia.
Teu sorriso é alicerce
da estrutura mais linda do meu bem querer, meu coração.
Serena e silente, tua
extensa excelência ilumina lindos horizontes.
5.
Diva encantadora
Tu és a beleza própria
de um coração que brilha e inebria.
Se eu vislumbro amor,
você escancara a paixão mais entorpecente.
Não há remédio que
possa aplacar o entusiasmo de minha devoção.
Virtuosa, você é o meu
vício mais delicioso. Contradição? Não, paixão.
6.
Diva predadora
Empreendedora, és predadora incansável,
avança e consome todo meu amor.
Tu fazes da conquista um jogo
fanfarrão, para devastar esse ingênuo inocente.
Vítima feliz, eu sou, brinquedo
de teu amor, objeto das tuas fantasias.
Mais louca de minhas amantes ideais,
você me devora.
7.
Diva fascinação
Inatingível, parece estar, além dos
meus sonhos mais platônicos.
Eu nem acredito trocar transpiração,
enquanto ofegamos juntos.
Não sei mais o que é mito ou
realidade, o que é sonho ou intimidade.
Você é muito real. Teu fascínio,
feitiço fantástico. Devaneio surreal.
8.
Diva ingênua
Verdadeira, sertaneja, prenda brejeira,
menina moça matreira.
Descolada e exuberante, és sofisticada
e vibrante.
Aprendiz de Nefertiti, Lilith e
Morgana, sensualidade imanente.
Toda nua, sua juventude se insinua, ingênua,
feminina, minha vida é toda sua.
9.
Diva poderosa
Valente e corajosa, deusa indecorosa,
ninguém é capaz de enfrentar tua força.
Onipresente, não posso escapar dessa
servidão à tua adoração.
Avassaladora, faz escravo o vassalo
e, vassalo o prepotente.
Forte e continente, diante de sua
fortaleza restam músculos indigentes.
10.
Diva etérea
Sublime, tua presença transcendental parece
um holograma.
Por onde vou, virtual, tua imagem
evanesce
Esotérica, remanesce etérea. Nunca efêmera,
permanece em mim.
Entidade benfazeja te vejo em todo
lugar, te reconheço em toda mulher.
11.
Diva musa
Inspiradora, não fala. Entre
sustenidos e bemóis, declama em tons harmônicos.
Expiração sensual encontra teu mantra
musical em tua ninfa vibração.
Nove são as musas, mas você é a
predileta, minha catarse, sintonia estética.
Extrovertida, teus graves e agudos
candentes, cadenciam o ritmo do teu amor.
12.
Diva divinal
Excelsa, flanando na Acrópole,
exorbita teu alto astral alienado e celestial.
Abraçada pelo sol, Vênus enternece
cada um dos teus súditos satélites.
Sideral, Afrodite, és uma constelação
inteira de ouro repleta de amor.
Divina e maravilhosa, santa e angelical, tua saborosa malícia, é genial.
13.
Diva eterna
Há o efêmero, quando você
é terna e, haverá sempre o eterno, quando esmero.
Nenhum calendário pode
te controlar, não posso te localizar na linha do tempo.
Intempestiva, tua volúpia
atravessa todos os tempos.
Atemporal, estás à frente
do teu tempo. É modelo de tradição, mas veste inovação.
14.
Diva silenciosa
Teu sorriso Monalisa é eloquente,
misterioso e provocador.
Tua estampa tem a classe e a doçura
da jovem maternidade.
Quantos segredos encontram abrigo em
você?
Cada olhar, cada gesto, cada toque,
todos intensos e expressivos.
15.
Diva passional
Possessiva e passional, tua paixão
exaure o amante mais obsessivo.
Tens o poder de manter tudo sob sua visão,
grande angular e panorâmica.
Observa e consome tudo que tem
vontade, nada escapa ao teu sentido aguçado.
Percebe e devora cada detalhe e enxerga
o todo, em seu domínio.
16. Diva absoluta
Na alvorada, sente a
seda macia roçando tua pele, um pêssego suave.
Amor maiúsculo toma
conta de tudo à sua volta e alcança todos que deseja.
No crepúsculo assume a
personagem diva, como quem veste um cetim.
Calor do teu amor
incendeia todo meu corpo, tu és em síntese, a sinfonia magistral.
Integradas, todas divas são um idílico devaneio, por quem devoto meu ser.
segunda-feira, 17 de julho de 2023
Primeira carta da sociedade dos poetas elegantes.
João Wagner Galuzio
Esta primeira carta a um poeta elegante é inspirada num best seller dos anos 1990, "Cartas a um jovem poeta", uma coleção de mensagens trocadas no início do século 20, entre Rainer Maria Rilke e o jovem poeta Frank Kapuss. O veterano poeta revelou-se um autêntico coach para o noviço, ao compartilhar sua experiência ao exortar a importância da identidade nos textos do candidato a poeta.
Gosto de escrever desde a adolescência quando, no seminário franciscano, produzi várias dezenas de textos, bastantes deles bem apreciados pela minha alma confidente, a irmã Fides. Egresso do meu caminho entre os irmãos menores, rabujento, descartei todo material.
Do casamento. Já um pouco mais maduro, uma nova mentora me estimulou, dizendo verdades insuportáveis em feedbacks necessários e logo a enquadrei, no altar e, num sábado de verão, nos casamos. Logo voltei a escrever, sempre por diletantismo.
Diz-se do virginiano ser um indivíduo analítico e sistemático, descendente de alemães que sou, muito mais. Dito isso, sou escravo de uma autocrítica severa e rigor formal ainda mais austero, motivo porque meus escritos, querendo ser leves, têm a densidade de uma pluma de chumbo. Poucas vezes deixei outros, que não a minha família, conhecerem minhas linhas.
Recentemente, no ofício de minhas atribuições, em mais uma nova profissão, antes Administrador e Professor, como Consultor Imobiliário, eu recebi em atendimento, um casal de vizinhos do empreendimento onde estou dedicado quando, naquele mesmo dia, inaugurávamos nossas atividades.
Já era noite e o horário estava, virtualmente, encerrando a jornada diária. Eu insistia para que mantivessem aberto o estande de vendas, considerando que estava na vez de atendimento, enquanto o líder da equipe concorrente, concorria para que se fechassem as portas.
O encontro foi efêmero e não consumiu mais do que uns poucos minutos, mas foi bastante suficiente para fundar uma relação de mútua empatia, tantas eram as afinidades, uma verdadeira conspiração do universo e sua sincronicidade.
A inteligência generosa dos dois, muito rápido, entendeu a malícia do meu apelido, adotado para estabelecer uma relação de identidade com o nome da empresa que ora represento. Novos encontros se sucederam e essa relação têm-se revelado um presente, uma oportunidade. Percebo nestes novos amigos, novos mentores que, me renovam em seus bons conselhos e, numa primeira 'carta a este velho poeta' detonaram meus grilhões.
Cada vez mais seguro, quero escrever e descrever meus ideais, meus dramas, minhas alegrias, medos e fantasias. Talvez em função desse início mais pragmático, próprio de uma atenção isenta e objetiva, características de uma relação profissional, a sequência de eventos tem sido cada vez mais pessoal, natural e informal. Sem pretensões ideológicas de lado a lado, sem dogmas e com os espíritos desarmados, resta o aprendizado, mútuo e saudável.
Uma ode à vida nesta tribo virtual e digital, onde a humildade é a mais poderosa ferramenta da nossa aprendente humanidade. Hurra!
terça-feira, 18 de abril de 2023
Narciso acha feio o que não é espelho!
João Wagner Galuzio,
véio, feio e fofo.
Caetano, o poeta veloso, sutilizou
e cantou em sua música Sampa, o drama de Narciso, o personagem da mitologia grega
que representa a vaidade exagerada. Suave, na música, ele explica o bairrismo entre
as duas grandes metrópoles, Rio e São Paulo. Até hoje, ainda é evidente vários
traços de ciúmes, invejas e picuinhas entre pessoas de cá e de lá, apesar de,
essencialmente sermos todos iguais na diversidade.
E, considerando que o bicho
humano é um ser gregário, é bastante comum que se estabeleçam laços fortes
entre aqueles que são próximos por afinidade, por semelhança, vizinhança, time
ou ideologia. Tem mimimi e nhenhenhém até entre os moradores de um condomínio,
entre um e outro bloco ou torre, entre classes nas escolas ou, entre a nossa
rua e a ‘rua de baixo’. Isso é comum, mas algumas vezes pode não ser muito
inteligente e civilizado.
Individualmente, é natural, gostoso,
saudável e necessário termos consciência de nossas qualidades, de algumas características
pessoais como aspectos físicos, intelectuais, culturais ou sociais. Esses
detalhes podem formar e destacar nossa identidade, um jeito de se reconhecer e
se sentir como indivíduo, único e especial. Este senso de autoestima é muito
importante para o nosso desenvolvimento emocional e afetivo.
Nós, gerontolescentes, que somos, jovens há várias décadas, aprendemos e sabemos que não há um modelo, o certo ou
o errado. Afinal somos únicos, não é mesmo!? Podemos dizer que não há, por
natureza, uma pessoa melhor ou pior, o feio ou o bonito. Essas classificações
são invenções de quem não se conhece, nem os seus próprios limites ou limitações
e, por isso, para se esconder, vulneráveis, aborrecem os outros. Hein? Como é
que é!? É sério! Muita truculência é sinal de impotência.
A estética, por exemplo, sem
ética e sem etiqueta é, em si mesma, a expressão da beleza oca, vazia. Eu preciso
perguntar: O que é e onde está a beleza? A sabedoria ancestral, evidente na moral
religiosa no judaísmo-cristianismo, no islamismo e no budismo já ensina, há milhares
de anos, que a beleza está no caráter paciente, humilde e gentil. O budismo,
inclusive, destaca que todo o sofrimento do ser humano é derivado da vaidade
que nos ofusca e nos afasta do mundo real. Como disse acima, a mitologia grega
quase debocha do narcisismo.
É comum, para o indivíduo que se
sente vazio, por desespero, se apegar à casca, ao que é exterior como um cargo,
um status, à fama. O deslumbramento e ostentação que não são nada além de uma espuma que entorpece. O fascínio desloca a própria felicidade para fora de nós, em
qualquer coisa que não a nossa própria identidade. Parece que precisamos de uma
‘marca’ para iludir e mascarar nossa insegurança e frustração. Erich Fromm, filósofo
e psicanalista alemão nos impôs um novo ‘enigma da esfinge’ quando interroga:
Ter ou ser? Não tem tênis, joia, carro, roupa, gadget ou perfume que preencha
esse vazio, esse buraco, esse desânimo e angústia.
Ter um rosto bonitinho ou um body
saradão não garantem uma mente leve e feliz. Xaveco de véio feio? Ha, ha, ha! Observe
como você pode encontrar pessoas humildes, ganhando pouco, que vivem em lugares
sem qualquer glamour, com pouca exposição social e, no entanto, são
insuportavelmente felizes. Gente simples que não se aguenta de tanta alegria e
satisfação de viver. Enquanto é possível encontrar gente com muitos recursos,
festejados e celebrados, com casas, carros e muita bajulação, mas com baixa
autoestima e mais baixo ainda nível de satisfação, solitários e infelizes. Compram
tudo e muito mais e nunca, nada é suficiente.
Ah tá! Os belos esbeltos vão me
lacrar ou cancelar. Isso é mesmo papo de véio feio. Sim e eles estarão muito
corretos. Idoso, fofinho ou gordinho (ão) e grisalho, sou a síntese ou, o
modelo do fora de moda. Sei que não sou e, não quero ser, o normal à moda. A moda tem esse nome porque, antes de
expressão de beleza ou de bom gosto, é um conceito básico de estatística para
classificar um valor específico como o mais
frequente em um determinado grupo ou conjunto.
Essa definição de moda é bacana
exatamente para mostrar que, ao contrário de algo distintivo, representa a
frequência mais comum, só isso, num determinado grupo. É distintivo apenas para
dizer que se repete mais, mas não é significa que tenha maior ou melhor
qualificação. Destaca aquilo, todo e qualquer traço em comum, por menos
razoável que seja. Deixe-se descobrir a delícia de ser único, imperfeito, com
nossos medos e desafios. Este é o caminho de todo indivíduo saudável e com autoestima.
Uma verruga, mancha, peso, altura, olhos, cabelo, orelhas tudo e cada detalhe pode
trazer angustia ou afirmação para as pessoas. Escolha ser feliz.
Não perceber ou entender isso é
um sintoma de desinteligência, de ignorância. Ignorância gera insegurança; Insegurança
gera medo; Medo gera aversão que gera arrogância que, gera ignorância. Entende
a armadilha? É uma ladainha que se completa e se repete num perverso círculo
vicioso virulento. Restam ou sobram ódio, mágoas e ressentimentos.
Ei, esquece, nem tente ‘esclarecer’
o infeliz infectado por esse vírus. Inseguro e infeliz poderá ficar mais revoltado
e você, querendo ajudar, pode acabar aumentando e acelerando o processo. Muito
pior, num clássico triangulo neurótico não é difícil o indivíduo nos envolver nesse
jogo ou armadilha e entrarmos na paranoia. Os ´narcisos' precisam de ajuda
profissional para encontrar o caminho da gentileza. Isso explica, em boa parte,
o comportamento, por exemplo, de muitos radicais, sejam eles de qualquer
orientação política, religiosa, futebolística etc.
Por último um pouco de cultura
nerd também ajuda. Lembro-me de ter assistido um episódio da série Jornada nas
Estrelas, lá nos anos 1970, que passava nos canais abertos de tv e, detalhe, só
existiam canais abertos. A tripulação da
Enterprise chegava a um planeta onde todos os habitantes usavam máscaras. Não
me lembro de outros detalhes, mas a imagem poderosa que gravei em minha mente
era o motivo porque usavam tais adereços.
Alerta de spoiler! Não ficava claro, no início, o motivo de usarem aquelas
mascaras até que, perto do final, vários indivíduos tiraram suas máscaras. Quem
assiste poderia imaginar que usassem por serem ‘feios’ ou por terem feridas, pústulas
ou cicatrizes horríveis. Que nada! Eram todos ‘lindos’, daqueles, tipo antigos
garotos-propaganda de margarina (propaganda eu disse! kkk). Os habitantes eram todos
loiros de olhos claros com a pele lisa e rosada. Então, qual era o problema? O
inferno é que eram todos sósias, corpos e rostos idênticos e isso era insuportável,
pois não lhes permitia ter identidade,
não se percebiam como indivíduos únicos.,
Idoso, eu já fui muito vaidoso,
de se achar o cara, o tal e acreditava ser infalível, 'triple A'. Depois, aprendi com Bertold Brecht que podia errar, mas errar sempre diferente. “Inteligência
não é não cometer erros, mas saber resolvê-los rapidamente.” Errar pode ser uma oportunidade
extraordinária para aprendermos. O preconceito é um erro que todos cometemos um
dia, é resultado de um laço forte por afinidade e, ou, um traço mais forte de
personalidade. Eu agradeço todos os dias a chance de aprender e crescer, para
tentar melhorar. Para isso, precisei aprender e saber perdoar. Quem? Os outros 'narcisos' que me afligiam? Não! A minha cega, vaidosa e ingênua inteligência. Descobri que a melhor ferramenta para realizar a beleza de eu ser humanao é usar o outro como espelho, funciona. Empatia! Experimente,
o que é diferente pode ser sensacional.
sábado, 8 de abril de 2023
A páscoa operacional e o amor transcendental.
João Wagner Galuzio
Clássico e básico, sabe-se que a páscoa
cristã tem sua tradição estabelecida a partir da páscoa judaica, ocasião quando
Jesus chegou à Jerusalém para celebrar a ocasião. O evangelho (boa nova em
grego) do Nazareno apresentava e representava uma grande mudança nas regras
rigorosamente estabelecidas pelos então donos da liturgia. Mais do que os 10
mandamentos, o mandamento de “Amar a Deus acima de tudo e ao próximo, como a ti
mesmo!” estabeleceu a síntese de todas as centenas de mandamentos da velha lei.
O trânsito de Jesus entre nós e,
em especial nesta santa semana, celebrada a cada ano, é repleta de lições, ensinamentos,
extraordinários simbolismos e metáforas em profusão. Cada gesto e toda palavra desse
Santo Mestre estão eternizados na liturgia de todos os seus crentes, por todo o
mundo, em todas e cada comunidade.
São eloquentes e emocionantes
todos os ritos e rituais celebrados de modo cerimonial, com pompa e
circunstância em cada igreja, no exato sentido que Jesus nos ensinou: “Onde
dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, lá estará a minha igreja.” Este cerimonial
é envolvente, cativante e, também, excruciante quando testemunhamos Sua dor,
Seu sofrimento.
Indispensável para celebrar, esse
cerimonial, no entanto, é a parte física, visual, instrumental ou operacional
da tradição. Essa profunda reflexão pode nos impor um verdadeiro estresse pós-traumático,
uma “experiência” tão intensamente angustiante primeiro (o calvário) e, esfuziante
depois (a glória), a passagem, a ressurreição. O cerimonial, lembro, é lado objetivo
e operacional da celebração. Ratifico, indispensável.
Onde está o transcendental, o que
é a sublimação, nesta celebração? Está na inspiração magnífica do Espírito Santo
e na assunção vertiginosa de nossas melhores qualidades humanas, à imagem e
semelhança do Criador, como: o amor essencial, a santidade natural, mesmo
imperfeita, de todos nós, o perdão generoso, a gratidão incondicional. Fácil?
Nada, viver essas qualidades, ou competências, exigem toda nossa inteligência, concentração
e determinação para quase esboçar uma fração do que deveria ser a nossa
manifestação divina. Como praticar e desenvolver isso? Eu tenho uma intuição.
Viver a oração que Ele nos ensinou.
Sim, viver! Falar, cantar, gritar ou urrar aquelas palavras, o texto, não têm, nem
de perto, a eficácia da nossa experiência de viver o caminho que lá está descrito.
Lindo e verdadeiro, o Pai Nosso é um atestado de fé, de esperança e caridade
muito sofisticado e muito elaborado para se viver.
Feliz páscoa sempre e enquanto vivermos,
absolutamente, o Pai Nosso.
Pai Nosso que estais nos Céus, santificado
seja o vosso Nome, venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa
vontade assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai
hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem
nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos
do mal. A seguir, faça como eu, uma ladainha especial e, familiar.
Prepare a sua!
Santa Alice Assunta,
orai por nós.
Santa Maria Inês dos gatinhos, orai por nós.
São Guerino do dedo verde, orai por nós.
Santo Irmão Darciso do caráter verdadeiro, orai por nós.