quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

BIDEN X trump: sobre planos e falácias

João Wagner Galuzio

Bolsonaro e Pazuello, vocês tinham até ontem, como referência, uma aberração que jamais leu um relatório de inteligência e, ou, reportes de estratégia internacional e bastante menos orientações científicas em geral e relativas à pandemia, em particular. Quase idiota, o primata chegou a sugerir a injeção intravenosa de desinfetantes, para 'curar' a doença. Diante do olhar estupefato dos que assistiam a cena, ratificou, "É sério, precisa ser estudado!" 

Disse por diversas vezes que tudo estava sob controle e que logo iria desaparecer como milagre. No final da sua campanha para se reeleger, gesticulava freneticamente movimentando a mão aberta de cima para baixo como se estivesse cortando algo, para indicar que tudo seria encerrado rapidamente. Nunca apresentou uma ação ou critério, objetivos, que justificassem suas afirmações. Tudo se resumia a predicados tão retumbantes quanto prepotentes, sobre qualquer tema, encerrava: terrific, tremendous, superb, fantastic, excellent, gorgeous etc. Fato zero, fake 100. 


Desde ontem, "inauguration day" um novo presidente se instalou na Casa Branca, e no dia seguinte de sua posse,  apresentou agora para toda a nação, um arquivo em pdf que pode ser baixado no site https://whitehouse.gov  um Plano Estratégico (200 páginas) com os 7 objetivos a serem enfrentados, a saber: 

Meta 1: Restaurar a confiança do povo americano;

Meta 2: Montar uma campanha de vacinação segura, eficaz e abrangente;

Meta 3: Mitigar a propagação expandindo o mascaramento, testes, tratamento, dados, força de trabalho e padrões claros de saúde pública.

Meta 4: Expandir imediatamente o alívio de emergência e exercer a Defesa Lei de Produção.

Meta 5: Reabrir escolas, empresas e viagens com segurança, enquanto protege os trabalhadores.

Meta 6: Proteger aqueles que estão em maior risco e promover a equidade, inclusive racial, linhas étnicas e rurais / urbanas.

Meta 7: Restaurar a liderança dos EUA globalmente e criar uma melhor preparação para ameaças futuras.

Note-se que no melhor estilo de gestão organizacional em alto nível, a última meta é, ao mesmo tempo, uma eventual primeira meta para potencial e provável crise futura. 

Então Srs. Jair e Eduardo, quando no futuro quiserem dizer de algo parecido com um plano.... considerem o Sr. Biden como referência e esqueçam aquela ameba  laranja.

Ficar dizendo que há um plano e, muito pior, dizer que o plano foi lançado sem que ninguém tivesse tido o mais tênue vislumbre do que fosse isso, com indicações risíveis como: "Vai começar no dia D, na hora H" é piada de muito mau gosto. Essa afirmação só encontra comparação na máxima da 'presidenta': "Nós não temos uma meta, mas quando alcançarmos a meta, vamos dobrar a meta."

Também não é divertido esse diversionismo de lançar balões de ensaio para confundir a nação, diante de vossa inação. Não são as forças armadas que determinam se prevalece a ditadura ou a democracia ou, a suma bravata de seu procurador geral travestido de advogado criminalista, ensaiando sobre a antessala do estado de defesa.

Em vez de factoides, considere a hipótese de trabalhar, tenho certeza de que encontrará funcionários de carreira capazes de elaborar um rascunho responsável e pragmático para, minimamente, os orientar e, quem sabe, tenham coragem e competência para seguir e compartilhar com todos. 




https://www.whitehouse.gov/wp-content/uploads/2021/01/National-Strategy-for-the-COVID-19-Response-and-Pandemic-Preparedness.pdf


Decisão do STF sobre MP 926 de 2020.


João Wagner Galuzio

STF reconhece competência concorrente de estados, DF, municípios e União no combate à Covid-19.


Para todos ingênuos inocentes uteis que repercutem uma imagem (Figura 1) de uma nota boçal de um blog afetado que sugere, como argumento, que o STF teria proibido alguma coisa ao senhor tenente, reformado capitão, eleito presidente. Seguem algumas considerações para todos nós que reconhecemos a inoperância, relativa em alguns casos e a incúria em muitos outros, do executivo federal.


Figura 1 - Relativamente a isolamento e quarentena.

Não sou advogado, mas é necessário o entendimento mínimo do vocabulário jurídico. Analisar a decisão com a interpretação de texto própria de um leigo poderá resultar confusão.

Da decisão do STF.

As disposições [na MP 926/2020] não afastam a competência concorrente nem a tomada de providências normativas e administrativas pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios.

"Para deixar claro que a União pode legislar sobre o tema, mas que o exercício desta competência deve sempre RESGUARDAR a autonomia dos demais entes." Deste modo, o governo federal pode (muito,  não proíbe nada), mas deve respeitar as competências dos outros entes, em particular as questões sanitárias de cada local.

O governo federal pretendia concentrar exclusivamente todo o poder de polícia sanitária [quando quis] interferir no regime de cooperação entre os entes federativos, pois confiava (exclusivamente) à União as prerrogativas de isolamento, quarentena, interdição de locomoção, de serviços públicos e atividades essenciais e de circulação.

A decisão do STF trata apenas dessa polícia sanitária (de novo, isolamento, interdição de locomoção, de serviços públicos e atividades essenciais e de circulação). Não trata e, portanto, NÃO PROÍBE o Governo Federal de exercer suas atribuições de gestão, coordenação e execução de planos, orçamentos para enfrentamento da pandemia.

Tanto não proíbe nada que o governo:

1.      Decidiu criar um comitê de Crise para Supervisão e Monitoramento dos Impactos da Covid-19, coordenado pela Casa Civil (surpreende que não pelo ministério da Saúde);

2.      Decidiu e forneceu equipamentos necessários como ventiladores, leitos de UTI e testes e outros (sem controle houve denuncias e inquéritos de superfaturamento);

3.      Decidiu e patrocinou o auxílio emergencial para milhões (sem controle houve muitas fraudes) e políticos, empresários e até funcionários públicos teriam se beneficiado;

4.      Decidiu prescrever tratamento precoce quando já havia consenso sobre a sua ineficácia;

5.      Decidiu desqualificar as orientações médico-científicas sobre distanciamento, higiene e uso de máscaras (tema tratado pelo STF);

6.      Decidiu sabotar ações dos outros entes da federação patrocinando aglomerações em manifestações irresponsáveis (desobediência civil);

7.      Decidiu contratar e fazer produzir milhões de comprimidos de cloroquina (improbidade);

8.      Decidiu por ignorar, adiar ou retardar a logística de aquisição de insumos (agulhas e seringas) sabidamente necessários desde julho de 2020;

9.      Decidiu não entender e não atender (em julho 2020) representantes de laboratórios fabricantes de vacina enquanto o mundo já reservava várias opções em prazos e quantidades (criando dificuldades para talvez ‘vender’ alguma facilidade);

10.  Decidiu constranger a Secretaria de Saúde de Manaus, em 11 de janeiro 2021, fornecendo 120 mil comprimidos de cloroquina para que, em visitas do ministro às UBS de Manaus, fosse “difundido e adotado o tratamento precoce exigindo o uso quando, por outro lado, já era sabido o desabastecimento de oxigênio; O ofício, prova substancial de crime de responsabilidade, ressalta “a comprovação científica” da medicação, “tornando dessa forma, inadmissível, diante da gravidade da situação de saúde em Manaus a não adoção da referida orientação.” Simplificando, o ministro não foi a Manaus para planejar nada, mas apenas para aplicar o golpe do falso tratamento precoce que, uma semana depois, negou peremptoriamente jamais haver sugerido (Figura 2) - Ofício nº 5/2021/SGTES/GAB/SGTES/MS;

Figura 2 - Tratamento precoce MS

11.  Decidiu não fazer convênio que depois virou protocolo de intenção, para depois mentir (SQN) que todo o dinheiro da CoronaVac (a tantas vezes maldita pelo tenente) tinha tido origem no MS para, depois de não apresentar evidência de pagamento, declarar que o valor será pago a posteriori quando a totalidade das 100 milhões de doses, forem entregues mediante emissão de nota fiscal do Instituto Butantan ao Ministério da Saúde".

12.  Decidiu muito, demais, exageradamente tarde, "quase" considerar a urgência das vacinas e começou a tratar do assunto como uma adolescente deslumbrada. Escrevendo uma 'cartinha' fofa ao primeiro ministro indiano, quando três meses antes havia prejudicado severamente os interesses daquele país. “Vacinas vão chegar em poucos dias” dizia ao fazer o pagamento antecipado (Figura 3) de um contrato que deixa explícito "prazo de entrega em ATÉ 90 dias;"

Figura 3 - Prazo de entrega 90 dias.

13.  Decidiu "lançar" o  muito desconexo porque desconhecido, anacrônico porque tardio e inviável por não indicar ao menos o início do 'Plano Nacional de Imunização' da Covid19, sem data nem hora;

Essas são algumas das decisões acertadas e outras não, deste Governo Federal QUE PRETENDEU PROIBIR Estados, municípios e DF de conduzir ações de polícia sanitária como a adoção de etiqueta de higiene, o uso de máscaras, isolamento e quarentena, mas sob esse pretexto, eximiu-se de quaisquer irresponsabilidades suas. Como três em cada quatro adultos brasileiros têm relativo analfabetismo funcional e não entendem o básico do que estão lendo, se não apenas o ululante, muito menos entendem fundamentos de juridiquês. Limitação suficiente para que interpretem como seus mentores inúteis lhes adestram.

 



sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Carros e estádios ou processadores e vacinas?

                João Wagner Galuzio 

Prezado senhor ministro especialista em logística, sugiro que observe dois leigos civis sobre o assunto.

1. O governo da Índia promoveu dias atrás uma simulação da 'campanha de vacinação' para checar se quantidades, locais e profissionais envolvidos pudessem verificar o que pode ser melhorado. Fica a dica: é uma ferramenta elementar de administração, de nome PDCA. Com certeza muitos de seus recrutas conhecem...

2. O Sr Joe Biden, outro civil, tem preparada para assinatura no dia de sua posse uma edição da "Lei de Produção de Defesa" (como se em tempos de guerra estivessem) que estabelece que a "indústria americana deve adotar como prioridade a produção de seringas e agulhas"... algo semelhante como ocorreu na segunda guerra... a população entrava com matéria prima (latas e panelas) para todas empresas fabricantes de geladeiras e outras UDs fabricassem armas, tanques e aviões.   Aqui seringas e agulhas...

Fica a dica: vocês sequestraram a fé e o idealismo nacionalista de milhões, que tal usassem essa mobilização hein...

Por último e óbvio não vou lhes atribuir as políticas industriais, baseadas em subsídios para setores específicos da economia que, primeiro a linha branca e agora os automóveis, se revelaram temerária. 

Igualmente vou apenas lembrar a bobagem que foi desperdiçar bilhões de reais num programa pseudo esportivo, quase faraônico, para receber o futebol e os jogos olímpicos de verão, em prejuízo de hospitais ou centros de saúde.

De outro lado vou lhes oferecer uma alternativa para calarem a boca de líderes europeus que 'pagam' de ambientalistas. É  claro que aqueles não são ingênuos e pretendem bastante a proteção de seus agricultores, muitos com sua ineficiência subsidiada.

Querem mesmo demonstrar alguma inteligência estratégica? 

Invistam mais em parques tecnológicos e na produção de processadores de alta performance e menos em veículos, patrocinem nossos empresários e empreendedores no desenvolvimento e  instalação de indústrias produtoras de vacinas. Temos know how, demanda e clientes vizinhos e, a leste, além oceânicos.
Parece sutil, mas não é, que entre os BRICS... Os 'RIC' sejam os grandes produtores de vacinas e nós, as vacas.  Agricultura e pecuaria merecem toda atenção seja a soja ou vocês vacas, mas o mundo competitivo joga num nível muitas vezes superior. 

É fácil chegar junto deles (#SQN)... Reformas: política, administrativa, tributária. Como? Uai, vejam sua proposta de programa de governo, se encontrarem.


quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

COVID 19 - Coronavac 2020 - URGENTE


João Wagner Galuzio

Agora em 12 de janeiro de 2021, soubemos,  oficialmente, que a eficácia global da vacina desenvolvida pela Sinovac em parceria com o Instituto Butantan no Brasil e mais outros experimentos na Turquia e Indonésia, obteve como resultado de eficácia global 50,38%. 

O meu grifo em “oficialmente” se justifica por sabermos, desde meados de dezembro, que esses eram os números, não houve novidade ou ineditismo[1]. De fato, esse anúncio só foi adiado em virtude dos resultados diferentes obtidos na Turquia que apontou 91,25% de eficácia para a mesma vacina. Essa variação tão grande fez o laboratório Sinovac solicitar prazo adicional para verificar e, retificar ou ratificar os números, eles finalmente ratificaram os números do nosso Instituto Butantan.

Só isso, para mim, já seria suficiente para atestar a coerência e confiabilidade dos protocolos adotados pelo nosso instituto. Escândalo talvez pudesse se instalar onde o resultado foi muito superior, afinal, os noventa e um por cento se confirmaram ou não?

Duas hipóteses principais remanescem: A) Os resultados são diferentes mesmo, em boa parte em virtude do perfil dos voluntários que participaram dos estudos ou; B) Talvez os resultados por lá que devessem ser auditados, sem entrar no mérito de eventual influência política do autoritário poder central que ali prevalece.

Nem vou me estender com o presidente-tenente-jacaré, certo que estou de que sua fingida ignorância atende a um único objetivo, manter o adestramento de seus lagartinhos. Imputável, ele será devidamente responsabilizado pela história como desqualificado que é para assumir responsabilidades à altura de seu cargo.

Por outro lado, me aborreço com a manipulação frouxa da comunicação trouxa que fez uso marqueteiro da ciência séria. Tivéssemos realizado os resultados naquele momento e formalizado desde lá o uso emergencial, poderíamos estar sendo vacinados desde o natal passado mantendo-nos como referência mundial de imunização. Não faltava urgência e nos sobrava experiência para iniciarmos a vacinação.

O que dizer de políticos e eleitores ingênuos que “celebram” o suicídio de um voluntário durante a fase de testes e fazem estardalhaço com estatísticas que não entendem? Não somassem mais de 200 mil fatalidades seriam apenas anedota, como os números são implacáveis, excederam todas as quotas. Esse jacaré é coerente ao menos na sandice, assim como faz sua cruel e indefensável apologia à tortura, espreme os números até que confessem o que lhe convém, assim como ele quer entender.

50 ou, 78 ou, 90% não são expressões de uma competição, mas os parâmetros necessários para se definir estratégias para se implementar um Plano Nacional de Imunização – PNI, o dia D da hora H, ficou em 2020 e ninguém percebeu.

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

2024: Liz Cheney x Kamala Harris



João Wagner Galuzio

Uma vez encerrada a opção de se invocar a 25 emenda, instituto pelo qual o vice-presidente Mike Pence poderia submeter uma moção de incapacidade do Donald, vai-se levar a plenário uma votação pelo impedimento desse mau perdedor covarde.

Muitos deputados republicanos já teriam manifestado disposição de votarem pelo impedimento, para condenar o autogolpe que o criminoso tentou impor à maior república bananeira do hemisfério norte.

Senso moral? Consciência cívica? Coerência constitucional? Não creio!

O que  provavelmente estamos assistindo talvez seja a partilha do legado trumpublicano. Parecem estar esquartejando os restos insepultos do que, outrora, teria sido um partido tão conservador quanto coeso.

Durante quatro anos, apesar de desmoralizados pelo mastodonte, assistiram em silêncio às suas obscenidades inconstitucionais, foram babando e lambendo o que sobrava da lavagem fétida de suas vociferações.

Indignados, aproveitaram a conveniência de um ogro fazer o serviço sujo para obterem pequenas vantagens e até realizar uma pauta de retrocesso ao século dezoito. Por isso agora não estou convencido desse despertar do lado ruim da força.

Observo especialmente a senhora Liz Cheney, que me parece ser o estandarte dessa manobra de reposicionamento para ocupar o vácuo, ou sucata, do partido republicano. 

Posso imaginar a senhora Cheney se antecipando aos eventos para se lançar candidata à presidência dos EUA em 2024, como alternativa à provável candidata democrata Kamala Harris. 

Será, já posso vislumbrar, um duelo de gigantes, duas mulheres com força, faixa etária semelhante e grande capacidade de envolvimento e agregação. Pudera eu saber quem vencerá, uma resposta de 1 bilhão de dólares.
 

A carta do compadre nhô Jair.



João Wagner Galuzio 

Afora as cordiais e protocolares saudações no início e os votos de alta estima e consideração no final, a missiva do inocente presidente é de um amadorismo próprio de vereador federal de baixo clero que ele sempre foi. Papelzinho de quem fez ou faz tráfico de influência barata para conseguir um jeitinho que, brasileiro conhece, talvez não o Primeiro-ministro da Índia. 

Seguem-se às saudações algumas informações que a imprensa e toda a nação brasileira busca a meses, o dia D para a hora H do nosso Programa Nacional de Imunização, mas que o indiano recebeu em primeiríssima mão. Esse dia e hora já passaram e nós nem fomos avisados, considerando que ele atesta que: 

“o governo brasileiro lançou o Programa Nacional de Imunização contra a Covid-19.” 

Foi lançado é? Não me recordo da solenidade oficial com pompa e circunstância, inclusive apresentando a primeira dose aplicada. Outra informação subliminar destaca a quantidade de vacinas que o já lançado plano tem em seu arsenal visto que o vereador federal travestido de Presidente informa que: 

“entre as vacinas selecionadas pelo governo brasileiro, encontram-se aquelas da [...] da AstraZeneca [...] também produzida pelo Serum Institute of India.” 

Dito desta forma faz parecer que, como o Reino Unido que tem sete vacinas contratadas, teríamos um elenco de vacinas aquisição. O idílico continua com sua cantilena implorando que: 

“muito apreciaria poder contar com os bons ofícios [...] para antecipar o fornecimento ao Brasil” 

Claro, simulando empatia, desde que não prejudique o programa indiano. Empatia que ele pouco demonstra com o povo brasileiro. O desespero, é claro, tem o único objetivo de tentar primeiro imunizar com a vacina indiana, tanto que ele vociferou a chinesa que agora ele comprou, depois de em outubro decretar que jamais faria isso e, desperdiçarmos 3 meses para angústia e ansidade de toda a nação.


Pronto, com o comprovante de pagamento antecipado efetuado, agora veremos se o compadrio dele irá mesmo resolver, pois embora o Itamaraty alegue esperar pelo recebimento ainda em janeiro, vemos na internet o fac-simile da operação de pagamento da aquisição, indicando que o prazo de entrega é previsto para 90 dias, ou seja, meados de abril de 2021. 

Não obstante o prazo para entrega indique a condição mediante recebimento do pagamento, vê-se que a justificativa para o pagamento antecipado tem em vista que “a mercadoria está pronta, aguardando pagamento para posterior embarque.” 

Apesar da absoluta inoperância dos ministérios envolvidos, Saúde e Relações Exteriores, apesar do fogo amigo do planalto central contra toda a nação, sabotando as campanhas de prevenção e a aversão federal à alternativa Butantan, decretada em outubro pelo medíocre vassalo “trumpublicano”... eu quero muito estar errado. Não desejo outra sorte para todos nós que somos vítimas dessa bizarrice terraplanista pseudo-pentecostal negacionista que se instalou em nossa capital federal. 

Oxalá, omulu e obaluauê, nos protejam de todas doenças contagiosas e que Ganesha ilumine esses políticos, para que Krishna nos mantenha vivos nesse mundão de Brahma e nos afaste da força destrutiva de Shiva e que o Todo poderoso, acima de tudo, no final, opere o milagre, 90 dias em nove. Amém.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Vai-se ford (minúsculo deliberado).

 

Vai-se ford (minúsculo deliberado).

João Wagner Galuzio

Hoje, 11 de janeiro de 2021, a empresa Ford apresentou formalmente, ao mercado, fato relevante indicando o encerramento de todas as suas atividades produtivas no Brasil, desde já, mantendo apenas a sede administrativa para a América do Sul, seu centro tecnológico e declarou garantia de fornecimento de peças para os seus veículos. A produção será mantida e concentrada na Argentina, no Uruguai e em outros locais.

Eu entendo que seja uma decisão que irá causar muito grave e dramático impacto na vida de dezenas de milhares de funcionários diretos e indiretos, será também um ambiente nervoso para os proprietários de seus veículos que provavelmente perceberão uma rápida depreciação no valor de seus veículos usados ou seminovos. Além destas consequências importantes, no entanto, tenho algumas considerações...   

1ª) Nestes 100 anos de Brasil, a Ford fez parte de um oligopólio onde contavam apenas uns poucos players: Volkswagen, GM, Ford e, mais recentemente a FIAT a partir dos anos 1970. Período quando esse clube mandou e desmandou, como lhes aprouve, abusando de subsídios, financiamentos e facilidades como, por exemplo, o Draw Back. Esse mecanismo cambial permitiu que aquelas empresas enviassem para cá a sucata de suas plantas de veículos descontinuados em seus países de origem em condições bem vantajosas. Por décadas remeteram lucros extraordinários em detrimento do parque industrial nacional.

2ª) Com a modernização consequente aumento da competitividade do setor no mundo todo e, em particular no Brasil, com a chegada de várias outras montadoras da Europa e da Ásia, a gestão do negócio no Brasil ficou cada vez mais complexo, ainda mais e especialmente considerando a instabilidade que é essa palhaçada que virou o Mercosul;

3ª)  A hegemonia da indústria automotiva norte-americana veio se deteriorando em função da competitividade e inovação tecnológica e comercial internacional e, depois de 2008, quando a empresa se viu em maus lençóis e quase faliu naquela crise do subprime. Apenas não soçobrou por conta da intervenção salvadora do governo americano;

4ª)  Uma de suas maiores concessionárias, se não a maior parceira, vem concentrando sua estratégia no desenvolvimento da marca Chery... criando e instalação o parque fabril da CAOA/Chery com carros interessantes e competitivos; 

5ª) A FORD irá continuar com a administração e a área de desenvolvimento de novos produtos; A nota informa que os veículos FORD continuarão sendo oferecidos, aqueles produzidos na Argentina e no Uruguai e em outras praças;

6ª) Talvez seja oportuno lembrar que a Ford já vinha sem rumo no Brasil desde o início dos anos 1980 e que, depois, conseguiu uma sobrevida com a Autolatina, num acordo que se não estou enganado foi mais favorável para a empresa americana e menos para a empresa alemã.

7ª) Me parece ainda mais preocupante a recém anunciada fusão entre a FIAT e o grupo mantenedor das marcas PEUGEOT e CITROEN. Não me surpreenderá que esta fusão vá impor uma nova reestruturação global mais severa com repercussões por aqui, envolvendo mais fábricas, modelos e funcionários.

Outras duas possibilidades ainda podem decorrer... uma saudável e outra mais grave... a saudável... a Ford já estaria iniciando negociações para outras montadoras assumirem suas fábricas e parte dos funcionários. A pior notícia é que, com a Covid-19, outras montadoras possam estar avaliando suas estratégias.

Por último eu lamento, pessoalmente, que não tenhamos um Ministro das Relações Exteriores bem preparado e orientado para negócios internacionais. Decisões dessa natureza como a que a FORD tomou estão sendo engendradas a meses. Não é improvável que, enquanto o senhor Ernesto ficou fazendo beicinho para o eleito presidente americano, Joe Biden de um lado e, brincando de malmequer com a tecnologia 5G chinesa, que hoje já representa mais de 40% da infraestrutura brasileira de comunicação 4G, simultaneamente e pelas costas do governo brasileiro, a FORD estivesse em tratativas adiantadas com os nossos adversários do MERCOSUL.

Não me surpreenderia que o próprio Donald, antes de sua insurreição, tivesse privilegiado seu real amigo pessoal, o ex-presidente argentino Mauricio Macri. Não é improvável que, na conta do americano presidente pato manco e empresário desleal, tenha pesado o cálculo de seus prováveis negócios (campos de golfe e resorts) no território de nossos, mais uma vez, adversários do MERCOSUL

Como assim adversários do MERCOSUL?

Alguém tem que dizer para a Argentina, e isto vem desde o governo FHC inclusive, que um bloco econômico não é bloco hegemônico. Caramba, para não dizer obscenidades, toda vez é isso, a Argentina só leva vantagem. Humildade e reciprocidade dos ‘hermanos’, condições que são indispensáveis para qualquer casamento, relacionamento ou parceira é ZERO. Fordê, vai lá e fala para Argentina comprar os carros que ela produzir.

Produzir lá e vender aqui é fácil, seus carros não vão fazer falta nenhuma entre as inúmeras opções que temos por aqui. Quer vender aqui? Mantenha os empregos e instalações aqui, ou precisamos desenhar? Mais uma vez, querem produzir na Argentina para vender aqui? Não mesmo, na na ni na... tchau, vai-se ford (sic).

Esculachando Descartes e ensopando Lavoisier.


João Wagner Galuzio

U

ma das mentes mais prodigiosas da história da humanidade, Descartes nos proporcionou um legado incrível, o método. O pensar para o saber, esta qualidade tão fértil nunca mais foi a mesma depois dele, se pouco ou muito afetada por suas ideias.

Método é uma característica inexorável da natureza, em todo o universo, que desenvolve e segue padrões desde sempre. O homo sapiens, observador, cada vez mais foi entendendo essa dinâmica. Primeiro observando as estações, o sol, a lua, as estrelas e todas as criaturas, percebeu que tudo tem sentido e direção, tudo se sucede e constante evolução.

Renato Descartes reconheceu a importância do método como alavanca do conhecimento humano, não uma muleta e, jamais, o limite do nosso saber. Com a licença da redundância, os métodos podem representar as estratégias mais ou menos conscientes, mais ou menos elaboradas para se acelerar o nosso processo evolutivo civilizatório. Renato sonhou uma ciência maiúscula e ideal, capaz entender todos os fatos e eventos. Um sonho que, apesar de etéreo e lírico, iluminou o modo muito objetivo do aprender conhecer.

Outra mente gigante, Lavoisier, compreendendo aquelas leis (ou métodos) da natureza ‘lacrou’: “Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma” ou, como as tribos mais antigas na África já decretavam: “hatuna matata” ou, para dizer ‘sem problema’, pois no final resta o equilíbrio, o padrão prevalece, o ciclo se completa.

Em seu discurso do método, por princípio, Descartes observa que o nosso jeito de ser gente é muito sabido mas também pouco sábio. Todos nós temos a convicção de sermos donos do bom senso e pensamos que somos todos donos das nossas certezas e verdades. Na internet, os algoritmos, inocentes, levam a culpa e são criticados como responsáveis pela nossa idiotização quando, na verdade, repetem apenas os modelos operacionais de nossa inteligência cada vez mais fracional em benefício da inteligência artificial. Esse desperdício da nossa inteligência facilita e concentra ainda mais a nossa necessidade insaciável de dogmas e paradigmas.

A

 certeza é um tesão e a sua compulsão, um conjunto de múltiplos de prazeres intelectuais.  É sério! Elegante, o nosso amigo Descartes jamais seria assim literal como eu, mas em essência estou apenas parafraseando. Portanto, o problema da nossa era das incertezas, como diria Galbraith, não é a inteligência ser cada vez mais artificial, mas o artifício da ignorância que usamos como subterfúgio para o nosso delicioso e sedutor reducionismo lacrador.

Esta redução não ocorre apenas, como é mais evidente, no âmbito da coisa política ou das ciências em geral, mas é muito mais abrangente no nosso cotidiano familiar, no trabalho e nas relações comerciais. Maltratamos nossos gigantes quando generalizamos e banalizamos nossos relacionamentos. Trucidamos o legado deles quando distorcemos dados e resultados, relatórios e balanços para realizar lucros que escondem malfeitos onde ou pouco se perde ou pouco se ganha, mas no fim tudo se transforma, em bônus.

P

or último e talvez mais grave, desprezamos a indispensável consciência da complexidade humana e, ao mesmo tempo, a unicidade das coisas vivas ou não, das coisas importantes ou irrelevantes, ou não e, para ‘caetanear’ ainda um pouco mais negamos o que não é espelho. Negamos a nossa própria inteligência quando nem sequer percebemos o estado das coisas e muito menos ainda, quando odiamos a perspectiva do diferente.

A vaidade da inteligência do nosso supremo bom senso, tudo solapa, numa sopa creme de ideias rasas, frases prontas, memes maliciosos, slogans hilários, julgamentos sarcásticos e adjetivos cruéis que tem a eficácia de negar Lavoisier e transforma tudo em nada.


quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Voto impresso – O voto cabresto.

                                                                                                                                   João W. Galuzio

Há um importante e sagrado fundamento constitucional que preconiza a mais total liberdade de opinião política, a inviolabilidade do voto. É um exercício inalienável de consciência cidadã que não pode e não deve jamais ser devassado.

Um cidadão não pode ser constrangido a dar satisfação, a quem quer que seja, sobre sua opção política. É um segredo tão inviolável que nem um terapeuta, um padre confessor ou marido controlador, podem sonhar acessar. Para nós cidadãos leigos, que não conhecemos os meandros jurídicos que balizam este instituto, sabemos isso na prática, quando somos impedidos de fazer registro fotográfico de nosso sufrágio individual.

Toscas teorias paranoicas querem fazer mentes foscas crerem que o voto eletrônico não seria seguro e, para parecerem sérios esses teóricos, ou terroristas, apresentam aqui e ali depoimentos de ‘técnicos’ que teriam tido sucesso na invasão das urnas eletrônicas. Não há confirmação metodológica, de modo efetivo, que permitisse uma denúncia formal que levasse a cabo uma investigação pelo STF que comprovasse tais argumentos.

Curioso que todo político diplomado teve sua posse garantida pelo mesmo sistema que alguns deles querem desacreditar. Então, a quem interessa esse controle externo ao sistema? Muito mais àqueles que pretendem se eternizar no poder, criando e mantendo os seus currais eleitorais, sejam os antigos e mal ditos ‘coronéis’ em suas sesmarias e outros os cangaceiros das cidades grandes como milicianos, ‘donos’ de comunidades e de movimentos sociais, além de traficantes de influência, de pessoas e de todas as drogas.

Os votos impressos, nestes casos, servirão de moeda de troca de favores para uns e tábua de salvação para outros, para não serem desprezados os primeiros ou massacrados aqueles outros, onde quase sobrevivem e o estado e as instituições democráticas não alcançam. Esse voto, cabresto, atende exclusivamente aos poderosos das vilas, das favelas, dos jardins ou das universidades, públicas e privadas. O cabresto não escolhe condição social ou intelectual. Uma vez vulnerável, da chibata não escapa o abestado.

A pretexto de transparência e segurança, sua aprovação irá promover a transferência e a governança desse único e extraordinário poder para quem é opressor. O voto secreto nos fortalece e nos faz todos iguais. Se não, de outro lado, o voto impresso será ‘exigido’ nos sertões, nas comunidades e nas cidades, mais ou menos frágeis. Representará o solapamento dessa pedra fundamental do nosso edifício constitucional.

 

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Nação sem noção.

João W. Galuzio

O paradoxo da comunicação e a contaminação do ‘não senso’ são dois elementos complementares na vitória da ignorância sobre a ciência e a consciência. Em toda evolução humana a comunicação foi motor e combustível de grandes processos de aceleração em nossa jornada. Motor quando estimula novas intervenções e formas de manifestação e, combustível quanto mais conteúdo produz e cada vez mais e melhor são gravados novos registros, de geração em geração. Se aqueles momentos eram os primeiros tempos de nossa história registrada, hoje talvez estejamos vislumbrando os últimos termos como escória do que poderíamos ter realizado.

O paradoxo está evidente na relação entre o extraordinário ‘arsenal de ferramentas tecnológicas’ de comunicação e a flagrante dizimação do diálogo como fator básico do desenvolvimento humano. A facilidade da impressão superficial e descartável parece prevalecer sobre a expressão do que essencial e sustentável.  Blogs, sites e chats cativam e engessam opiniões baseadas em pedaços, ou edições dos fatos, para atender a interesses submersos e subterrâneos, estimulando um círculo tão vicioso como delicioso da nossa zona de conforto mais primitiva e não, não restam inocentes à esquerda ou à direita em suas utopias esquizofrênicas.

Os que pretendem patrocinar um debate são vítimas de um ataque pelas laterais dos insanos radicais. Como o argumento desses é apenas a repetição e a repercussão de memes com humor e slogans perversos que desqualificam, por princípio, qualquer outro que ‘pense’ diferente, afinal quem pensa, incomoda. Os que pensam e não caem nessa armadilha neurótica ou dramática são tratados ou como “isentões” pela direita ou como “neutros” pela esquerda, nos dois casos de modo muito pejorativo.

Este massacre é parte do outro elemento complementar, a contaminação da ignorância, a truculência do ‘não senso’ como estratégia de convencimento, é a síntese do não penso, logo resisto a quaisquer dados ou informações que constranja além do horizonte plácido e flácido. Excitado por inputs hipnóticos, que têm a eficácia do reforço positivo, o cérebro em êxtase, elabora sinapses reducionistas que são lambuzadas de dopamina. O delírio é avassalador.

Embriagado por incontáveis estímulos em textos e fotos, ou numa ordem gigante de outros sinais que, cada um deles, ao seu tempo vai sedimentando e embaçando a razão de toda gente boa, tornando o indivíduo dependente químico de todo mensageiro cínico, político por indecência. Esse processo bate-estaca tem o poder de higienizar a mente livre e conturbada, lavando seu cérebro de ‘sujeiras’ como o livre arbítrio e pensamento crítico.

Uma alternativa para se enfrentar essa overdose passa pela abstinência dessas drogas, em silêncio, de mente e espírito. O silêncio não é ausência de comunicação, mas um ambiente adequado para, com a mente calma e serena processar as informações e permitir uma reflexão mínima e ponderada. Sem reflexão as pessoas creem que suas certezas são fruto de sua própria inteligência quando são, mais provavelmente, lesões causadas pelo linchamento mental, moral e emocional a que foram subordinadas.

Nesses neurônios alucinados estabelece-se o distanciamento intelectual, que afasta as mentes, outrora brilhantes e suas ideias e as converte em sombras de ideais confusos ou equivocados. Isolados, mentalmente falando, vamos nos afastando uns dos outros, perdendo a indispensável consciência do tecido social diverso e complexo, até perder o senso de nação ou, se não, vamos nos aglomerando como claque enclausurada, até ruir feito uma nação sem noção, babel de algoritmos. Para quem possa me achar rabugento este foi o cenário mais otimista que pude imaginar, estou velho. Sábio ou sabido?